sábado, 11 de agosto de 2007

Ilustre desaparecida, Lauryn Hill dá o ar da graça com muita categoria


Diante de uma platéia de 15 mil pessoas no Wingate Park, no Brooklyn, na segunda-feira (6), Lauryn Hill disse: "Vamos ver quanta gente aqui se lembra de mim. Reconheço que fiquei ausente por bastante tempo".

Lauryn é uma das desaparecidas mais notórias do R&B. Seu último disco de estúdio, "The miseducation of Lauryn Hill", foi lançado em 1998 e venceu cinco prêmios Grammy. Mas, depois dele, houve apenas uma sessão "Acústico MTV" gravada em 2001, que tinha tanto papo quanto música, e recentemente foi lançado o rock, "Lose myself", para a trilha sonora do filme "Tá dando onda" (sua única canção nova na trilha). Lauryn não engrenou no retorno com os Fugees, grupo de hip-hop que a lançou, e tem se atrasado para os shows da atual turnê.

Ela estava cerca de 45 minutos atrasada para a apresentação do Brooklyn. Após o show amadorístico de abertura do cantor de 17 anos Sean Kingston, o público foi informado de que Lauryn ainda estava a caminho. A noite não parecia prometer muito quando a banda versátil da cantora iniciou o show com uma abertura de dez minutos.

Mas foi então que Lauryn, com um penteado afro ruivo e jaqueta de franjas, que a fizeram parecer integrante da banda Sly and the Family Stone, chegou ao palco para mais de duas horas de música inspirada, dinâmica, emocionante e apaixonada.

Com uma batida fluente à velocidade máxima e cantando com mais vigor do que o fazia nos anos 90, Lauryn explorou canções de "Miseducation" e dos Fugees, muitas vezes dando seqüências com honradas canções de Bob Marley (Lauryn teve filhos com Rohan, filho de Marley). As rimas da cantora tratam de suas aptidões, sua confiança e daquilo que ela espera do mundo, enquanto as melodias cedem à angústia e à vulnerabilidade, revelando uma artista determinada a extrair lições desses sentimentos.

Ela e sua grande banda, que inclue dois bateristas, um grupo de metais e cantoras fazendo backing vocal, haviam dado uma cara completamente nova à música. A batida pura do hip-hop dos anos 90 foi substituída por música proveniente de toda a diáspora africana: funk, jazz, reggae, ska e outros ritmos afro-caribenhos.

Embora a voz de Lauryn apresentasse um tom rouco e estridente, possível resultado da extenuação causada pela turnê, ela não se poupou. Usava essas características enfatizando o estilo de cantoras clássicas de soul, como mais um recurso para transbordar emoção.

Com freqüência, Lauryn utilizava um verso da música como se fosse um canto de feitiçaria: repetindo-o, enfatizando-o, subindo e descendo o tom, alternando entre sofrimento e rebeldia ou brincando com seqüências de sílabas. Ela estava impetuosa e insistente, mas também desacelerou sussurrando duas baladas inspiradas em Roberta Flack: "Killing me softly with his song" (sucesso dela com o Fugees) e "The first time ever I saw your face", e uma versão ao estilo das Shirelles da canção "Will you still love me tomorrow?".

Em diversas músicas, Lauryn inseria versos, cantava e declamava, fazendo jus à sua recusa em fazer concessões. Ela se posicionou em entrevistas sobre sua aversão à indústria da música, ao mercado fonográfico e a seus nichos de marketing. Mas é uma artista extremamente talentosa, com ideais sociais superiores a tudo. E o tipo de show que ela fez na última segunda-feira à noite não exige concessão alguma.


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