segunda-feira, 2 de julho de 2007

Orquestra é como um time, dizem veteranos

Uma boa orquestra deve ter o entrosamento de um time de futebol. Evitar trocas de "times", ter a sintonia perfeita sobre os palcos e fora deles e criar sua própria identidade musical. "O grupo, para ser entrosado, tem de mudar o menos possível. Se muda, não entrosa. Tem de ser igual a um time de futebol", ensina o "técnico" Bruno Rodrigues, de 42 anos, maestro da Big Band Tupy, que conta com 23 músicos.


Esses são alguns dos segredos revelados por veteranos de orquestras de baile tradicionais do Rio de Janeiro e de São Paulo que, procurados pelo G1, deram dicas à carioca Orquestra Imperial, que trouxe ao século 21 os antigos bailes de gafieira e, agora, lança um álbum de inéditas.

“O mais difícil de conseguir é manter todos pensando de uma mesma forma. Depois que subiu no palco, não importa o que esteja acontecendo. É a hora de viver aquele momento. Tendo isso não há orquestra que não dê certo”, diz o músico Roberto Mondese, de 52 anos, que começou a integrar orquestras de baile nos anos 70 e hoje toca em bailes, casamentos e formaturas.

Um líder ou um maestro com jogo de cintura para contornar problemas e a cooperação entre os músicos ajudam na hora de tocar. “Às vezes, um cantor não está conseguindo subir em notas altas. Então aquele que estiver com gás vai apoiar naquele momento”, exemplifica ele.

Apesar de a proposta da Orquestra Imperial ser o resgate da gafieira, quem está hoje na ativa relata que se adaptar aos sucessos do momento, sem perder a qualidade musical dos grandes bailes, é fundamental à sobrevivência. “A gente trabalha um público de 8 a 88 (anos). Tem de estar preparado para tudo. Músicas que estão tocando no rádio, temas de novela, funk... Mas nós também tocamos Jamelão”, acrescenta Roberto Mondese.

"As orquestras se deterioram com o tempo por não acompanharem os novos ritmos", alerta Guarany Caravieri, que há 45 anos é diretor do Cartola Club. O salão que ainda hoje realiza 28 bailes por mês é um dos mais tradicionais de São Paulo.


Maestro pós-moderno

O carisma do maestro pode ser um diferencial da orquestra. “Eu sou um maestro que agita e dança no palco. Uso brilho e paetê. Sou pós-moderno”, brinca Bruno Rodrigues, da Big Band Tupy.

O visual também é uma preocupação que não pode ser deixada de lado. Para os veteranos, os músicos devem estar alinhados e com uniformes iguais. Eles não dispensam blazers e gravatas e elas, os vestidos longos.

De acordo com Bruno Rodrigues, os músicos devem transmitir alegria à platéia. Na orquestra dele, ninguém fica sentado. “Tocamos em pé para mostrar mais agilidade e os metais fazem coreografias.”


Orquestras x DJs

Entretanto, os músicos são pessimistas sobre o futuro das orquestras. “Uma orquestra tradicional não tem espaço. Não tem lugar para trabalhar”, lamenta o saxofonista Jaime Araújo, da Orquestra Tabajara, de 22 músicos.

Os veteranos reclamam que o surgimento do DJ reduziu a procura por música ao vivo em casamentos e formaturas. Para Jaime, apenas "modismos" impulsionados pela mídia podem dar novo fôlego às orquestras de baile.

Hoje líder da Tabajara, Jaime diz que a Imperial é diferente e reconhece que a nova orquestra criou um outro jeito de sobreviver. “Eles cantam música que fala palavrão. O pessoal da velha guarda não vai contratar a Imperial porque é outra coisa”, diz ele, referindo-se à música “Artista é o c...”, cantada nos shows da Imperial.



Fonte: G1

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