quarta-feira, 4 de julho de 2007

Cachorro Grande cresce em novo disco


“Rock” e “amadurecimento” talvez não combinem lá muito bem. No entanto, é impossível ouvir o novo disco da banda gaúcha Cachorro Grande sem imaginar que, dentro da lógica do grupo, há, sim, uma linha evolutiva. “Todos os tempos”, quarto álbum da carreira do quinteto, dá um passo adiante em relação a “Pista livre”, de dois anos atrás.

Domesticados? Talvez, mas no bom sentido. No recém-lançado disco, a banda chuta a fama de arruaceira e assume suas múltiplas referências, antes despercebidas. Da psicodelia dos Mutantes ao folk de Neil Young, os músicos parecem não ter mais a pressa de antigamente, a não ser em “O certo e o errado”, que fecha o álbum pouco antes dos 40 minutos.

A faixa de abertura, “Você me faz continuar”, surpreende logo de cara: com cinco minutos e meio de duração, é uma balada introspectiva e foi justamente escolhida como single. O grupo também privilegia os bons refrãos, como em "Conflitos existenciais", e as melodias, como em "Roda gigante".

Uma boa sacada foi abrir espaço para os teclados e sintetizadores, além de um belo naipe de metais - como pode ser ouvido em “Hoje meus domingos não são mais depressivos.”

Gritando menos e interpretando mais, os vocalistas propõem situações imaginárias sem se levar tão a sério, outro ponto alto. “O que você tem” cita o cineasta Martin Scorsese na letra, enquanto “Na sua solidão” tem um quê de Morricone na cadência. Tudo sem pretensão de ser pseudo-intelectual ou “cabeça”.

Talvez os novos shows não tenham a energia sanguinária de antigamente, mas calma: o Cachorro Grande não perdeu a identidade. Em “Todos os tempos” o grupo continua em conexão direta com o rock dos anos 60 e 70, mas com um pezinho nos dias de hoje.

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