domingo, 29 de julho de 2007

Banda nova-iorquina Yeah Yeah Yeahs lança EP e DVD

Bebendo água em uma lanchonete iluminada pelo sol em um bairro transado de Los Angeles, Karen O parece uma típica garota da Califórnia, só que sem os cabelos loiros. A vocalista da banda The Yeah Yeah Yeahs sorri e dá gargalhadas, jogando a franja morena para o lado.

No palco, a cantora de 28 anos, natural de Nova York, pode até assumir o estilo radiante, ousado, ágil, com roupas coladas, característico de uma rainha do rock ligada à moda, e gritar como Siouxsie Sioux mas, aqui, está calma e serena.

Muita coisa aconteceu em quatro anos, desde que a estréia do grupo em uma grande gravadora com "Fever to tell" e o famoso single "Maps" lançou o Yeah Yeah Yeahs e sua vocalista e líder encantadora, cuspidora de cerveja, para o sucesso.

Karen O (cujo nome verdadeiro é Karen Orzolek) se mudou para a costa oeste, enquanto os colegas de banda, o guitarrista Nick Zinner e o baterista Brian Chase, ficaram no Brooklyn, em Nova York. A banda ficou em turnê durante dois anos e meio para divulgação de "Fever", e lançou o disco seguinte, "Show your bones" no ano passado, com guitarras menos intensas, mas ainda marcantes.

Em conversa com a agência de notícias Associated Press, no clímax no lançamento desta semana de "Is Is", o novo EP da banda, com cinco canções barulhentas e cativantes compostas durante a turnê em 2004, Karen O - que se apresentou no Brasil com sua banda no Tim Festival do ano passado - fala sobre mudanças, fama e desmente boatos.

Como é morar em Los Angeles e trabalhar com a banda do outro lado do país, em Nova York?
Karen -
É ótimo ... Mas estou sempre em Nova York. Vou para lá uma vez por mês. Meus pais têm uma casa em uptown (em Manhattan). Costumo ficar com eles quando vou para lá. ... Não dá mais para morar em Nova York, porém. Tenho dificuldade para me concentrar lá, a cidade me distrai muito. É uma das melhores cidades do mundo, sempre será minha casa, mas simplesmente não consigo trabalhar lá. Sinto como se estivesse torrando dinheiro.

Por que um EP agora? Vocês compuseram essas canções há alguns anos.

Karen - Tínhamos um pouco de tempo livre e era algo que queríamos fazer para a posteridade, como um documento. Essas músicas sempre pareceram pertencer ao mesmo conjunto... Nós as gravamos em fevereiro deste ano, com Nick Launay, que produziu "Flowers of romance" do PIL. Se tentássemos gravá-las em qualquer momento antes, não poderíamos contar com Nick (Launay) para o trabalho, e ele não poderia ser uma parceira mais perfeita na música.

Há ainda um DVD que acompanha o EP, com imagens de vocês tocando ao vivo no Brooklyn, em maio.
Karen -
O DVD mostra o nosso lado espontâneo e sensual que esteve presente desde sempre. É algo tão natural para nós como é voar para um pássaro... Além disso, entre dezembro do ano passado e março deste ano, estávamos atravessando um período de troca de agentes... Havia uma sensação de, "oba, somos uma banda rebelde! Vamos fazer uma gravação com toda a intensidade e magnitude que nos diz respeito". Houve muitas dificuldades em nossa última experiência de gravação. Demos uma reviravolta. Com este EP, a experiência foi libertadora e emancipadora.

Vocês estão trabalhando em novas músicas no momento?
Karen -
Esporadicamente, sem muita pressão. Acho que Nick e Brian diriam o mesmo... Trabalhando quase ininterruptamente como artista, o mais difícil é saber o que fazer para si mesma quando tem um tempo livre. Você luta consigo mesma para tirar férias. Acabei de ir para Martha's Vineyard. Descansei bastante.

A banda fará uma mini-turnê do EP. Acontecem problemas na estrada?
Karen -
É, mas acontece muito autoconhecimento... Você precisa dar tudo de si no palco. Hoje conheço minhas limitações mais do que jamais conheci antes. Demorou alguns anos para descobrir isso. Como, por exemplo, quantos shows fazer na seqüência. Exige tanto de você.

Qual foi a coisa mais terrível que alguém do público fez enquanto vocês se apresentavam?
Karen -
Foi em um show em Boston, nenhum dos nossos fãs estava lá. Havia essa menina bem na primeira fileira, nunca vou esquecer. Ela era meio gótica, usava delineador perto, roupa preta. Ela ficou fazendo gestos ofensivos para mim e enfatizando as palavras "eu odeio você" com palavrões, repetidas vezes. Continuei olhando diretamente para ela, focada nela, somente nela. Depois acho que ela foi embora. Mas, em geral, só recebemos manifestações de amor.

Foi dito que, em um certo momento, a banda não estava se relacionando bem.
Karen -
Claro que houve uns percalços no meio do caminho. Ficaria preocupada se não houvesse. Estamos juntos há cerca de sete anos. É tão traumático quando de repente você ganha fama. Se você consegue superar essas fases, fica tudo bem.

E quando à história da "Playboy" ter convidado você para posar?
Karen -
Eu nunca, jamais faria isso. Se algum dia eu disse "talvez", e posso ter dito, foi muita ingenuidade da minha parte, porque quanto mais eu penso no público dessa revista, mais me convenço de que jamais aceitaria.


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