Banda que vem batalhando seu espaço há alguns anos, girando o Brasil e muitas vezes sem receber cachê, o paulistano Ludov consegue obter em "Disco paralelo" o trabalho mais bem-acabado da carreira.
Talvez pelo próprio esforço de manter o grupo em pé até hoje, num espaço que já dura mais de uma década (se contado o tempo em que se chamavam Maybees e cantavam em inglês), o entrosamento interno do quarteto conseguiu se manifestar no álbum. As composições são mais concisas, e a competência de cada instrumentista do grupo aparece.
É verdade que os que torcem o nariz para o estilo açucarado do Ludov de fazer indie rock tradicional não vão ser facilmente convencidos - mas agora pode até dar o braço a torcer.
É uma questão de perspectiva: Vanessa Krongold tem uma voz límpida, afinada, nada incomum, mas já é um alívio que não ela seja utilizada para uma milionésima versão de um clássico de Chico Buarque.
"Disco paralelo" foi gravado com produção de Chico Neves (Skank, Paralamas do Sucesso, O Rappa) e aparenta uma preocupação em se viabilizar no grande mercado sem trair suas origens - a banda tem um pequeno, mas fiel grupo de admiradores.
Assim, "Ciência", a faixa de abertura, tem uma guitarra com pulso marcante e se combina com uma inflexão vocal de Vanessa mais palatável às rádios brasileiras - soa, ao menos, diferente do que está por aí.
"Delírio (sob asas)" apresenta Mauro Motoki, cérebro da banda, assumindo os vocais principais numa experiência que pode ser promissora para ampliar o espectro musical da banda.
O Ludov parece se sentir mais confortável como grupo pop - que participa sem tantas neuras da trilha do fenômeno teen "High school musical" - e assume um direcionamento para seu trabalho. Não vai agradar a todos, mas está aí um esforço de produzir seu som de maneira bem-feita e centrada, algo que poderia ser feito com as boas idéias no pop brasil atual.
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